Uma das mais antigas relíquias cristãs redescoberta em Paris: as relíquias de Santa Helena, mãe do Imperador Constantino

Poucos anos atrás, ninguém imaginava que em Paris repousavam as relíquias de Santa Helena, a mãe do primeiro imperador cristão da história, Constantino, o Grande — aquela que descobriu a Vera Cruz no Gólgota e restaurou os lugares santos da Palestina, profanados por pagãos.

Foi o sacerdote Padre Nicolau Nikichin, do Exarcado do Patriarcado de Moscou em Paris, quem descobriu, no templo católico de Saint-Leu-Saint-Gilles, num sarcófago suspenso no teto, essas preciosas relíquias da imperatriz santa.

Difícil de imaginar, mas numa rua parisiense marcada por prostíbulos e casas de má reputação — uma das poucas assim bem no centro da cidade —, ali estava escondido, no coração de um templo católico, um dos maiores tesouros da cristandade. Mais surpreendente ainda: os próprios católicos haviam “esquecido” da presença da relíquia, apesar de séculos de milagres e curas ocorridas a partir dela, cujos testemunhos documentados estavam cuidadosamente guardados no sarcófago.

O roubo sagrado do monge Teodgis

Conta o Padre Nicolau:

“As relíquias estavam antes em Roma, na igreja dos Santos Marcelino e Pedro. Um monge francês piedoso, chamado Teodgis, foi curado ali graças às orações a Santa Helena. Tomado pelo desejo de possuir a relíquia, escondeu-se à noite no templo e, pela manhã, levou consigo as relíquias para a França.

Claro, seu ato não foi aplaudido. Ao chegar ao mosteiro com as relíquias, ninguém acreditou em sua autenticidade. Riram dele, por não ter autoridade espiritual ou prestígio. Para desmascará-lo, formou-se uma comissão de monges estudiosos, que examinou os fatos e consultou livros e registros históricos.

Quando o desaparecimento das relíquias em Roma foi confirmado, as dúvidas cessaram. E mais ainda: a presença das relíquias na França foi acompanhada de tantos milagres, que se percebia ali a própria vontade de Santa Helena.

Para confirmar de vez, o rei Carlos, o Calvo, propôs um juízo divino: que o monge fosse submetido à prova da água fervente. Se saísse ileso, seria sinal da veracidade do que dizia. O monge aceitou, confiando na proteção da santa. Diante de bispos, nobres e do povo, passou pela prova sem nenhum ferimento, o que foi visto como mais uma confirmação do milagre."

Desde o século IX, essas relíquias tornaram-se centro de peregrinação do episcopado de Reims. O mosteiro floresceu. Com o tempo, a relíquia foi transferida, cuidada e acompanhada de documentação autêntica. Durante a Revolução Francesa, o monge Grasard salvou a relíquia, escondendo-a de revolucionários iconoclastas. Mais tarde, entregou-a à Igreja de Saint-Leu-Saint-Gilles, em Paris, onde permanece até hoje.

Uma relíquia esquecida em plena Paris

O Pe. Nicolau conta que ao visitar a igreja, viu placas com agradecimentos por curas e milagres atribuídos a Santa Helena. Ainda assim, duvidou que se tratasse do corpo inteiro da santa — imaginava ser apenas uma partícula. Mas ao investigar os documentos históricos, descobriu que ali estava o corpo praticamente inteiro, exceto por algumas partes distribuídas a outras cidades cristãs, como Constantinopla.

A grande questão que lhe surgiu então foi: como essa relíquia caiu no esquecimento? E mais: como foi parar numa rua dominada pela devassidão?

O próprio padre responde:

“Isso me lembrou o episódio da vida da santa. Na época dela, o Gólgota estava coberto de templos pagãos — um a Vênus, outro a Júpiter. Helena, com a autoridade de mãe do imperador, os destruiu e restaurou os lugares santos.

Então pensei: talvez Deus tenha permitido que seus restos estejam agora no coração da impureza moderna, como testemunho, como resistência, como força espiritual contra os deuses depravados do nosso tempo.
Santa Helena venceu os deuses pagãos no passado — talvez agora o Senhor a tenha posto ali para lutar, como intercessora, contra o espírito de prostituição e idolatria do mundo moderno.”

Por que os católicos deixaram de venerar os santos?

O Pe. Nicolau reflete:

“A devoção aos santos desapareceu nas últimas décadas, fruto de uma sociedade cada vez mais secularizada, racionalista e pragmática.

Na mentalidade atual, milagre, mistério, intercessão dos santos parecem conceitos medievais. Há um encolhimento do sagrado. Até mesmo os sacramentos perderam solenidade.

Assim, não é de espantar que uma relíquia da magnitude de Santa Helena, mãe do imperador que tornou o Império Romano cristão, tenha sido simplesmente esquecida.

Os fiéis podem visitar a relíquia — agora exposta numa cripta sob o altar —, mas não há procissões, nem festas litúrgicas, nem culto público. A relíquia está ali, silenciosa, discreta, como uma chama viva esperando que alguém a redescubra.”

Hoje, a cripta da Igreja de Saint-Leu-Saint-Gilles, na rua Saint-Denis, número 92, guarda esse tesouro. Um relicário com as relíquias de Santa Helena, rodeado de ícones ortodoxos, lamparinas e um silêncio que grita. É um cantinho ortodoxo dentro de um templo católico, como se o céu, de alguma forma, tivesse reservado à santa guerreira uma trincheira espiritual no campo inimigo.

Santa Helena, mãe do Imperador, descobridora da Cruz,
Em tempos de trevas, brilhas como farol.
Teu corpo repousa entre ruínas e ruído,
Mas teu espírito segue esmagando ídolos.
Intercede por nós,
Para que a Cruz volte a erguer-se,
Onde hoje reina o escárnio.

Santa Helena, diversos

R$92,90
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Uma das mais antigas relíquias cristãs redescoberta em Paris: as relíquias de Santa Helena, mãe do Imperador Constantino

Poucos anos atrás, ninguém imaginava que em Paris repousavam as relíquias de Santa Helena, a mãe do primeiro imperador cristão da história, Constantino, o Grande — aquela que descobriu a Vera Cruz no Gólgota e restaurou os lugares santos da Palestina, profanados por pagãos.

Foi o sacerdote Padre Nicolau Nikichin, do Exarcado do Patriarcado de Moscou em Paris, quem descobriu, no templo católico de Saint-Leu-Saint-Gilles, num sarcófago suspenso no teto, essas preciosas relíquias da imperatriz santa.

Difícil de imaginar, mas numa rua parisiense marcada por prostíbulos e casas de má reputação — uma das poucas assim bem no centro da cidade —, ali estava escondido, no coração de um templo católico, um dos maiores tesouros da cristandade. Mais surpreendente ainda: os próprios católicos haviam “esquecido” da presença da relíquia, apesar de séculos de milagres e curas ocorridas a partir dela, cujos testemunhos documentados estavam cuidadosamente guardados no sarcófago.

O roubo sagrado do monge Teodgis

Conta o Padre Nicolau:

“As relíquias estavam antes em Roma, na igreja dos Santos Marcelino e Pedro. Um monge francês piedoso, chamado Teodgis, foi curado ali graças às orações a Santa Helena. Tomado pelo desejo de possuir a relíquia, escondeu-se à noite no templo e, pela manhã, levou consigo as relíquias para a França.

Claro, seu ato não foi aplaudido. Ao chegar ao mosteiro com as relíquias, ninguém acreditou em sua autenticidade. Riram dele, por não ter autoridade espiritual ou prestígio. Para desmascará-lo, formou-se uma comissão de monges estudiosos, que examinou os fatos e consultou livros e registros históricos.

Quando o desaparecimento das relíquias em Roma foi confirmado, as dúvidas cessaram. E mais ainda: a presença das relíquias na França foi acompanhada de tantos milagres, que se percebia ali a própria vontade de Santa Helena.

Para confirmar de vez, o rei Carlos, o Calvo, propôs um juízo divino: que o monge fosse submetido à prova da água fervente. Se saísse ileso, seria sinal da veracidade do que dizia. O monge aceitou, confiando na proteção da santa. Diante de bispos, nobres e do povo, passou pela prova sem nenhum ferimento, o que foi visto como mais uma confirmação do milagre."

Desde o século IX, essas relíquias tornaram-se centro de peregrinação do episcopado de Reims. O mosteiro floresceu. Com o tempo, a relíquia foi transferida, cuidada e acompanhada de documentação autêntica. Durante a Revolução Francesa, o monge Grasard salvou a relíquia, escondendo-a de revolucionários iconoclastas. Mais tarde, entregou-a à Igreja de Saint-Leu-Saint-Gilles, em Paris, onde permanece até hoje.

Uma relíquia esquecida em plena Paris

O Pe. Nicolau conta que ao visitar a igreja, viu placas com agradecimentos por curas e milagres atribuídos a Santa Helena. Ainda assim, duvidou que se tratasse do corpo inteiro da santa — imaginava ser apenas uma partícula. Mas ao investigar os documentos históricos, descobriu que ali estava o corpo praticamente inteiro, exceto por algumas partes distribuídas a outras cidades cristãs, como Constantinopla.

A grande questão que lhe surgiu então foi: como essa relíquia caiu no esquecimento? E mais: como foi parar numa rua dominada pela devassidão?

O próprio padre responde:

“Isso me lembrou o episódio da vida da santa. Na época dela, o Gólgota estava coberto de templos pagãos — um a Vênus, outro a Júpiter. Helena, com a autoridade de mãe do imperador, os destruiu e restaurou os lugares santos.

Então pensei: talvez Deus tenha permitido que seus restos estejam agora no coração da impureza moderna, como testemunho, como resistência, como força espiritual contra os deuses depravados do nosso tempo.
Santa Helena venceu os deuses pagãos no passado — talvez agora o Senhor a tenha posto ali para lutar, como intercessora, contra o espírito de prostituição e idolatria do mundo moderno.”

Por que os católicos deixaram de venerar os santos?

O Pe. Nicolau reflete:

“A devoção aos santos desapareceu nas últimas décadas, fruto de uma sociedade cada vez mais secularizada, racionalista e pragmática.

Na mentalidade atual, milagre, mistério, intercessão dos santos parecem conceitos medievais. Há um encolhimento do sagrado. Até mesmo os sacramentos perderam solenidade.

Assim, não é de espantar que uma relíquia da magnitude de Santa Helena, mãe do imperador que tornou o Império Romano cristão, tenha sido simplesmente esquecida.

Os fiéis podem visitar a relíquia — agora exposta numa cripta sob o altar —, mas não há procissões, nem festas litúrgicas, nem culto público. A relíquia está ali, silenciosa, discreta, como uma chama viva esperando que alguém a redescubra.”

Hoje, a cripta da Igreja de Saint-Leu-Saint-Gilles, na rua Saint-Denis, número 92, guarda esse tesouro. Um relicário com as relíquias de Santa Helena, rodeado de ícones ortodoxos, lamparinas e um silêncio que grita. É um cantinho ortodoxo dentro de um templo católico, como se o céu, de alguma forma, tivesse reservado à santa guerreira uma trincheira espiritual no campo inimigo.

Santa Helena, mãe do Imperador, descobridora da Cruz,
Em tempos de trevas, brilhas como farol.
Teu corpo repousa entre ruínas e ruído,
Mas teu espírito segue esmagando ídolos.
Intercede por nós,
Para que a Cruz volte a erguer-se,
Onde hoje reina o escárnio.